Montagem do Blog

O blog está em construção ainda. Serão postados, gradativamente a biografia de todos os membros que ocupam as cadeiras. Para ver o Estatuto, selecione abaixo.

sábado, 19 de agosto de 2023

Cadeira n. 11 – Patrono: Solano Trindade (1908 – 1974)

Francisco Solano Trindade nasceu no Recife/PE, em 24 de julho de 1908,  filho do sapateiro Manuel Abílio Trindade e da doméstica Emerenciana Maria de Jesus Trindade. Foi operário, comerciário e colaborou na imprensa.

Estudou no Liceu de Artes e Ofícios da capital pernambucana, tendo concluído o equivalente ao ensino médio atual.

Desde cedo, estabeleceu contato com a cultura popular e o folclore, levado pelas mãos do pai que, nos dias de folga, dançava Pastoril e Bumba-meu-boi nas ruas do Recife. O carnaval, suas figuras, o maracatu, e o frevo fascinavam o menino. A pedido da mãe, analfabeta, lia novelas, literatura de cordel e poesia romântica, que ambos apreciavam. Já adulto, o autor se casa em 1935 com Maria Margarida – terapeuta ocupacional e coreógrafa – com quem teve quatro filhos.

No ano de 1934 idealizou o I Congresso Afro-Brasileiro no Recife, Pernambuco, e participou em 1936 do II Congresso Afro-Brasileiro em Salvador, Bahia.

Em 1936, entusiasmado com os movimentos em prol da consciência negra, que se espalhavam nas principais cidades do país, funda a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-Brasileira, juntamente com o poeta Ascenso Ferreira, o pintor Barros e o escritor José Vicente Lima. Esse órgão tinha como objetivo, dentre outros, promover a pesquisa da afrodescendência na cultura e na história, buscar a expressão afro-brasileira na literatura e nas artes em geral, além de promover a divulgação de intelectuais e artistas negros.

Ainda em 1936, estreia na literatura com a publicação de Poemas negros. Editada em Recife, a coletânea de Solano Trindade polemiza com o livro homônimo do também nordestino Jorge de Lima, lançado no mesmo ano e trazendo a público o discutido poema "Nêga Fulô".

Na década seguinte, depois de passar por Belo Horizonte e Porto Alegre, fixa residência no Rio de Janeiro, onde se integra aos círculos literários e culturais e trava conhecimento com outros artistas afrodescendentes. Em 1944, lança seu segundo livro, Poemas d’uma vida simples, que obteve boa repercussão junto à crítica da época.

Em 1950, Solano Trindade funda em Caxias, na Baixada Fluminense,  ao lado da esposa, Margarida Trindade, e do sociólogo Edison Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro, que contava com um elenco formado por domésticas, operários e estudantes e tinha como projeto estético-ideológico "pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forna de arte." Ainda na década de 1950, os espetáculos de canto e dança apresentados pelo TPB foram levados a vários países da Europa.

Em 1958, lança seu terceiro livro, Seis tempos de poesia, publicado em São Paulo.

A partir dos anos 1960, o poeta passa a residir em Embu, nas cercanias de São Paulo. Ato contínuo, deflagra grande movimentação artística e cultural na cidade. Espetáculos sucedem-se, atraindo público da capital e estimulando o desenvolvimento da pintura e do artesanato locais. A pequena Embu transforma-se mais tarde em “Embu das Artes” e vira atração turística.

Em 1961, sai o quarto livro, Cantares ao meu povo, cujos originais haviam sido enviados a Roger Bastide, um dos primeiros estudiosos da poesia afro-brasileira, que se encanta com os poemas.

Doente e cansado, Solano Trindade deixa Embu para residir em São Paulo. Termina seus dias pobre e esquecido numa clínica no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1974, vítima de pneumonia.

Trabalhou no filme A Hora e Vez de Augusto Matraga de Roberto Santos.

A produção poética publicada por Solano Trindade ficou registrada em um livro organizado por sua filha Raquel Trindade, em 1999. Sua poesia registra a sua biografia marcada pela paixão pelas mulheres, uma identidade racial e social identificada com negros e com as classes populares e o compromisso com a defesa do que convencionou chamar de tradições culturais do seu povo.

LIVROS

– Poemas negros, 1936;
– Poemas d'uma Vida Simples, 1944;
– Seis tempos de poesia, 1958;
– Cantares ao Meu Povo, 1961;
– Poemas antológicos de Solano Trindade, 2006 (livro póstumo).


Fonte: Wikipedia e Letras da UFMG

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comemoração do Centenário de Carolina Ramos em 19 de março

Prestes a completar 100 anos, no dia 19 de março, a poetisa santista Carolina Ramos foi eternizada com o plantio de uma árvore no jardim da ...