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segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Cadeira n. 25 – Patrono: Paulo Leminski (1944 – 1989)

Paulo Leminski nasceu em 1944, em Curitiba e faleceu em 1989. Era filho de pai polonês com mãe de ascendência africana. Desde a juventude sempre preferiu poemas breves, muitas vezes haicais. Foi professor e como escritor publicou livros de poesia, de prosa, biografias, ensaios, traduções de James Joyce, Samuel Becket, etc., literatura infanto-juvenil, produções musicais, fez gravações em parceria com músicos como Caetano Veloso e Itamar Assunção.

Sua poesia é consequência de um período que predominava a censura, mas ele não se vinculou a nenhuma corrente, apesar de conservar relações com elas. Sua poesia, como expõe Roland Barthes, pode ser considerada como resultado de experiências vividas que se traduzem em lirismo através da linguagem metafórica, do uso de recursos como ritmo, sonoridade, repetição de palavras, situações, descrições, seqüências. Leminski, como Borges, recriou muitas fábulas. Reescreveu o mundo que poderia ter sido e não foi. Reinventou o texto para contextualizar, contestar, protestar.

A poesia de Leminski não se evidencia unicamente pelo cunho empírico da escrita, mas também pelo dever do poeta de transmitir suas experiências cotidianas, escrever e reescrever a vida. Reescreveu as lendas e memórias dos emigrantes poloneses do sul do Brasil. Incorporou o sofrimento da voz no canto dos negros da África.

Ousou e experimentou muito na escrita, trabalhando artesanalmente com as palavras tocando-as nas texturas e harmonias, exequiveis e inexequiveis.

Leminski era um mago das palavras, construindo-as, desconstruindo-as, criando uma linguagem poética composta de características que permitem que novos elementos possam ser adicionados, tornando a poesia um horizonte infindável de composições. Ele manipulava de tal modo que as palavras se desdobrassem de forma que lhe davam novos significados, criando uma teia que se prendia dentro de outra teia, e assim por diante, num processo ininterrupto de criação.

Sua obra influenciou grande parte dos movimentos poéticos dos últimos 20 anos. Leminski manifestava o questionamento às mistificações através do bom humor. O bom humor contra o preconceito e a injustiça, foi o instrumento com que desarmava os espíritos.

Fonte:
Discurso de defesa de patrono, por José Feldman na cadeira n.1 da Academia de Letras do Brasil/Seccional Paraná em 9 de agosto de 2009.

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