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segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Cadeira n. 26 – Patrono: Augusto Frederico Schmidt (1906 – 1965)

Augusto Frederico Schmidt, o “gordinho sinistro”, nasceu no Rio de Janeiro, a 18 de abril de 1906.

Filho de família abastada, Augusto fez seus primeiros estudos no colégio Champs Soleil, na Suíça.Voltou para o Rio de Janeiro em 1916, após a morte o pai, e foi estudar em um Colégio na Tijuca e, logo em seguida, no Colégio São José, dos irmãos marista. Lá, ficou pouco tempo, passando, em seguida, por diversas escolas, entre elas, o Grambery, de Juiz de Fora (MG), em cujo grêmio fez sua iniciação literária.

Em 1922, volta ao Rio de Janeiro e, sob influência de sua mãe, leu Casimiro de Abreu e Gonçalves Dias. Também lia muito, em francês, escritores como Baudelaire, Maupassant, Flaubert e Daudet. Com a morte de sua mãe, Schimdt largou os estudos e dedicou-se ao comércio.

De 1924 a 1926, morou em São Paulo, ligando-se a Mário e Oswald de Andrade. Publicou seu primeiro livro, Canto do Brasileiro Augusto Frederico Schmidt, em 1928. Funda então uma editora e torna-se um dos grandes divulgadores do Modernismo e, depois, da literatura do Nordeste.Editou, entre outros, Graciliano Ramos, Raquel de Queirós, Gilberto Freyre e Jorge Amado. Em 1934, casou-se com Ieda Ovalle Lemos, sobrinha do compositor Jaime Ovalle.

Segundo entrevista de Décio de Almeida Prado à Folha de S.Paulo, Schimdt também foi um dos responsáveis pela viabilização da revista Clima junto à censura, pois quando a revista surge, em 1941, Décio afirmou que “a censura era fortíssima naquela época. Primeiro, era a dificuldade de ter a licença para publicar. No dia em que aprovaram a publicação de ”Clima”, negaram para umas 20 ou 30 outras revistas. Não se publicava nada, era sistemático. Recusavam até revista sobre padaria. O clube de cinema que fizemos também foi fechado. A aprovação de ”Clima” se deu por meio da influência de um primo do Antonio Candido que morava no Rio de Janeiro e tinha conhecidos. Se não me engano, a pessoa que influiu foi o poeta Augusto Frederico Schmidt, que era um sujeito rico ligado às pessoas poderosas. E era uma revista puramente literária.”

Em 1950, foi publicado em Madri o livro Três Poetas del Brasil, Carlos Drumond de Andrade, Manuel Bandeira e Augusto Schmidt. No ano seguinte, teve uma seleção de seus poemas traduzidos para o italiano.

Havendo dedicado-se não apenas à editora, tornou-se industrial e jornalista e, no governo Juscelino Kubitschek, chegou a exercer a função de representante do Brasil na Operação Pan-Americana, a APO, de onde surgiria o BID Banco Interamericano de Desenvolvimento.

A Operação Pan-Americana era, em outras palavras, responsável por pedir investimentos americanos para o desenvolvimento brasileiro. Juscelino e Schmidt defendiam a idéia de que se não fossem feitos os devidos investimentos, “o apelo comunista” tornaria-se “irresistível entre as massas famintas”.

JK usava Schmidt para driblar a crise em governo provocada pela volta da inflação. Schmidt era o responsável pela criação vário “fatos”, engendrados por sua imaginação. Alfredo Schmidt foi, sem sombra de dúvida, o mais influente homem do governo de JK e o escritor mais poderoso que o Brasil já teve.

O governo de JK era um governo de conciliação, embora submetido a fogo cerrado por parte da esquerda e da direita não-parlamentares. Nele, conviveram altos tecnocratas públicos que, anos depois, comandariam a economia durante o regime militar; grupos empresariais nacionais, que se articulavam por intermédio de Augusto Frederico Schmidt, provavelmente o maior lobista que o país conheceu; e uma aliança, ainda que conflitante, com a esquerda getulista, que JK conquistou pela maneira corajosa com que apoiou Vargas no fim e pela dobradinha com seu vice-presidente, Jango.

Tudo isso consolidado pelo mais amplo pacto fisiológico que o país havia conhecido até então. Em 1960, Schmidt teve uma destacada atuação como presidente do Conselho dos 21, na Conferência de Bogotá. Augusto Frederico Schmidt foi um excelente homem de negócios e um excelente poeta, porém, talvez tal combinação tenha lhe custado alguns desencantos, pois para muitos, escritores não devem nem enriquecer, nem subir na política.

Schmidt foi junto com Raquel de Queirós, um dos artífices do movimento militar de março de 1964 que depôs o governo constitucional de João Goulart. Escreveu muitos artigos contra Jango e Brizola. Vitorioso o movimento militar, Schmidt, passou a ser um defensor dos estudantes e operários presos, das universidades inválidas. Combateu os novos planos econômicos e financeiros, acusando-os de falta de grandeza para um país sedento de riqueza e progresso.

Schmidt era tão próximo dos mais altos círculos do poder no Brasil que chegou a pleitear, junto a seu amigo general Castelo Branco, um emprego de oficial administrativo. Schmidt, um homem cheio de contrastes, morreu a 8 de fevereiro de 1965, na mesma cidade em que nasceu: Rio de Janeiro.

Entre as obras mais importantes de Schmidt estão: Navio Perdido (1929), Pássaro Cego (1930), Aurora Lívida (1958), Babilônia (1959).

OBRAS

Poesia
Canto do Brasileiro – 1928
Cantos do Liberto – 1930
Navio Perdido – 1930
Pássaro Cego – 1930
Desaparição da Amada – 1931
Canto da Noite – 1934
Estrela Solitária – 1940
Mar Desconhecido – 1942
Fonte Invisível – 1949
Mensagem aos Poetas Novos – 1950
Ladainha do Mar – 1951
Morelli – 1953
Os Reis – 1953
Aurora Lívida – 1958
Babilônia – 1959
O Caminho do Frio – 1964
Ciclo de Moura – 1964
Sonetos – 1965

Autobiografia
O Galo Branco – 1948
As Florestas – 1959


Crônica
Paisagens e Seres – 1950
Prelúdio à Revolução – 1964


Fontes:
Dicionário Literário Brasileiro Ilustrado; Editora Saraiva; autor, Raimundo Menezes; 1969. Gaiola Aberta (Tempos de JK e Schmidt); Editora: Rocco; 1999 Folha de S.Paulo
http://www.revista.agulha.nom.br/
ROSCHEL, Renato. Augusto Frederico Schmidt. Disponível em http://www.speculum.art.br/ , 03/03/2003

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